Via Láctea

to aqui pensado

imaginando coisas

sob as estrelas os corpos com frio, mas a pele pedindo abraço,

os lábios tocados, as línguas dançando

e os corpos mergulhando na escuridão um do outro

faz tempo que não vejo o céu no escuro

a via láctea

a imensidão do universo

e imagina brindando um amor?

Louco

posso nunca tocar teus lábios

mas já te beijei

posso nunca ter te encontrado

mas já te amei

posso sempre ser um poeta solitário

mas já vivi ao teu lado

posso ser considerado louco

mas fui tão feliz

posso ser exagerado

mas como é gostoso

posso estar perdido

mas existe melhor caminho?

posso não ser perfeito

mas quem é melhor?

enfim

sou louco

louco por você

louco pra ser feliz

louco pra viver

com meu coração selvagem

louco até morrer

Bom dia (desperta poeta!)

 

desperta poeta!

ela diz bom dia

calor gostoso no sorriso dela

desperta poeta!

ela diz bom dia

traz alegria, pimenta e esperteza

desperta poeta!

ela diz bom dia

segue o sonho vivo em aquarela

desperta poeta!

ela diz bom dia

teus versos cantam uma certeza

desperta poeta!

ela diz bom dia

quanta beleza vem junto dela

Brasileira

nem perguntou se podia

se apropriou

mas foi educado

avisou

as vezes o poeta

faz o necessário

o impensável

ela estava sorrindo

isso foi o bastante

lábios vermelhos pincelados

boca generosa, cabe um mundo

os olhos expressivos de menina

a pele jovem e clara de quem só

talvez sofreu por amor

curvas de uma serra perigosa

lágrimas de cachoeira fria

cabelos negros de crepúsculo

bela tupi morena

pronto ele a sequestrou

usou sem permissão

a imaginou e sonhou

desenhou com letras

desejou com palavras

consumiu com tinta

virgem Maria

Santa Ana

caule viçoso

no oeste se põe

a beleza brasileira

 

 

Morte como opção

morre em mim

mais um pedaço de esperança

morre em mim

a fé na justiça dos homens

morre em mim

o entendimento da realidade

ao testemunhar tal sangrento

arbítrio

ao revelar tal injusto

julgamento

ao conhecer tal absurdo

celebrado

morre em mim

a morte

morre em mim

a vida

morre em mim

o amor

se não renascermos

em revolução

revividos para outra

realidade

cimentados em união

e solidariedade

estaremos condenados

então

a morrer todos os dias

sem perdão

 

Escrever-te

Quero escrever-te mais um cadinho

derramar letras em possível harmonia

tudo em tua apologia e homenagem

um pouco de súplica, de perdão

também, quem sou para não sonhar-te?

que graça alcançada é possuir a imaginação

nela tu vives tão sensível e linda

cheira a flores silvestres, ilumina como um farol

amo-te, mas amo-te ainda mais em sonhos

já que não te conheço em carne, osso e pescoço

sim, sou poeta, sou ridículo, escrevo cartas de amor

quem mais além escreveria-te sem conhecê-la de fato?

só eu mesmo, com meu jeito inútil e um tanto perdido

mas faz-me bem, quero-te bem também

sendo verdadeiro e injusto com o tempo

quero-te agora, quero-te aqui, quero-te sorrir

bem, la nave vá, o beija-flor foi-se no temporal

e os sonhos ficam, na retina, no papel

a vida quem sabe um dia

a vida nos permita

oxalá te escreva na pele

com meus dedos e boca

feito tatuagem de amor

irremovível, inesquecível

escrever-te

 

(Começo)

Nunca te chamaria pelo segundo nome

como todos

gosto mais do primeiro

nome de Santa

rima com palavras doces

combina com vida simples

amor, vinho e uma choupana

te miro aqui de longe

bem longe

nem os mesmos ventos

sentimos

os cabelos escuros

o olhar que enxerga segredos

um sorriso de igreja

traz paz e esperança nos lábios

(imagino beijos e suspiros)

um sonho

encanta tua voz suave

canta como rouxinol

entorpece

ah minha querida desconhecida

como queria

que das trilhas longínquas

um dia surgisse este poeta

errante

caminhando em tua direção

e te visse pertinho

chegando mansinho

um começo